domingo, 31 de agosto de 2008

Instrui-vos Para Libertá-los


Trabalhando como educadora, percebo que muitos problemas gerados em uma turma ou grupo, não é a maioria que gera o problema, mas sim 10% no máximo, ou seja, num grupo de 20 pessoas, 2 são as geradoras dos problemas de relação e não a grande maioria que muitos falam e dizem, só que falta percepção de pesquisar as origens dos problemas. No ano de 2007, fui educadora de uma turma do Programa Agente Jovem, de adolescentes, considerados em riscos de vulnerabilidade social, iniciei um trabalho que teve impacto muito rápido, a maioria destes alunos me captavam muito rápido e eu com eles, montamos trabalhos juntos, sendo muito positivo, tinha um outro grupo que estava gerando problema, alunos desrespeitando e ameaçando a educadora, então me ofereci para trocar de grupo com esta professora, percebi que realmente o caso era grave e que poderia contornar a situação... Bom então a turma dela não teve aula num dia, para ela poder participar de uma aula comigo com o meu grupo e assim passar a turma para ela, no dia seguinte fui assumir a turma dela, me deparando com alguns alunos sem organização, debochados, sem vínculo afetivo, fui apresentada para eles como a nova educadora... Para mim no primeiro dado momento, via todos como monstros e capazes de me avançar, mas ao decorrer daquela semana, minha mente e meu sentir foi sabendo selecionar e identificar cada um... O trabalho que consegui desenvolver em duas semanas com a turma anterior, na atual levou mais de três meses... Foi muito difícil para mim me adaptar naquela turma e respeitar o rítmo deles, um dos alunos que ameaça a professora anterior, comigo nem cogitou, mas percebia que aquele menino estava tão preso em suas emoções, sendo o que poderia fazer no momento era cortar seu poder de atrapalhar a turma e envolver outros a usarem drogas e roubarem ... Ele tinha muita raiva de não conhecer o pai e sentia muita inveja de quem tinha uma família com papai e mamãe, procurando sempre envolver estes que tinha uma família “estruturada” para o negativismo... Como ele via que comigo não tinha vez, então ele começou a faltar aula e ia bem de vez enquanto, mas outros alunos me diziam que ele rondava para levar os outros para a criminalidade... Num certo dia ele passou na casa de um outro aluno meu com arma e convidando para aprontar uma, este aluno não aceitou o convite, então foi num outro que a mãe do rapaz não permitiu que ele saísse com ele... Ele foi assaltar e neste assalto matou um, como de menor foi para a Fase... A mãe dele veio falar comigo que ele pedia para testemunhar em favor dele e dizer que ele era um bom aluno, daí disse que era para ela procurar a Direção da escola ou do programa, pois não tinha como mentir, se eu fosse ter que testemunhar iria dizer a verdade, o qual não iria ser muito bom para ele, também sentia que aquele menino não iria mais voltar.... Num dia de reunião dos educadores do programa, recebi a notícia de seu assassinado dentro da fase... Confesso que foi um trauma para mim de me achar incompetente de sanar este problema, mas com o tempo percebi que ele não tinha este sentimento de união e que eu não tinha que me culpar de nada, fiz meu papel de separar e tirar o poder dele dentro grupo e o trabalho precisava continuar... Por isto caro amigos, que nunca um grupo vai ser igual a outro, porquê somos diferentes e o papel de nós educadores é sim de pesquisar, trabalhar, estudar, perceber e sempre descobrir as origens dos problemas gerados, para sanar, se ficarmos tratando só por cima e não pela raiz, pode gerar uma bola de neve incontrolável... Procurar debater e admitir que por mais que estudamos e pesquisamos, nada sabemos, pois se somos diferentes, nunca existirá uma única fórmula de resolver os problemas... Mas a compreensão, entendimento, amor, respeito e clareza dos fatos nos liberta e podemos libertar vários com o referencial em suas vidas e conscientes de um todo...
Com carinho,
Silvia Roldão Matos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A Busca do Conhecimento Pode Ser Uma Faca de Dois Gumes?

SIM, o conhecimento em sua diversidade pode ser uma faca de dois ou vários gumes para quem busca, pois muitos dos que observamos que buscam o aprofundamento do conhecimento, suas áureas se encontram densa e escura, analisando mais de perto, percebemos que suas emoções se encaminham para a obscuridade, pela vaidade de achar que é dono do saber, egoísmo no momento que este saber é industrializado ou restrito, orgulhoso em não aceitar outros saberes e nem procurar entender e compreender a caminhada e a realidade do próximo, ou seja, mesmo pela gama de conhecimento que adquiri e continua buscando, esta mesma pessoa pode se encontrar "doente psiquicamente" e com suas emoções totalmente "presa" e "nociva"... Com certeza é muito complicado chegar num equilíbrio Psiquico-Motor-Social.

"Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação". - Jesus (Mateus, 26,41)

Na busca do conhecimento também podemos cair em várias tentações, ito é fato, assim muitas das vezes originando doenças no nosso corpo físico, alimentando pensamentos e sentimentos negativos e tendo péssimos relacionamentos com outras pessoas... Buscar o conhecimento para a contrução e que ele venha contribuir/somar para algo e não para destruir ou desvastar os outros... Creiamos que é umas das formas para se chegar ao equilíbrio... Portanto, o conhecimento pode libertar nós de nós mesmos, mas como também pode nos prender totalmente em nós mesmos!!!

Silvia Roldão Matos