terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Filósofo Renato Noguera fala a África como Berço da Filosofia !

Filosofia Africana!
https://www.youtube.com/watch?v=xrBcJsrnrSw


RACISMO EPISTÊMICO O racismo epistêmico é um dos racismos mais invisibilizados no "sistema-mundo capitalista/patriarcal/ moderno/ colonial" (1). O racismo em nível social, político e econômico é muito mais reconhecido e visível que o racismo epistemológico. Este último opera privilegiando as políticas identitárias (identity politics) dos brancos ocidentais, ou seja, a tradição de pensamento e pensadores dos homens ocidentais (que quase nunca inclui as mulheres) é considerada como a única legítima para a produção de conhecimentos e como a única com capacidade de acesso à "universidade" e à "verdade". O racismo epistêmico considera os conhecimentos não-ocidentais como inferiores aos conhecimentos ocidentais. Se observarmos o conjunto de pensadores que se valem das disciplinas acadêmicas, vemos que todas as disciplinas, sem exceção, privilegiam os pensadores e teorias ocidentais, sobretudo aquelas dos homens europeus e/ou euro-norte-americanos. Essas identity politics hegemônicas são tão poderosas e tão normalizadas sob o discurso de objetividade e "neutralidade" da "ego-política do conhecimento" das ciências humanas que quando se pensa em identity politics se assume imediatamente como "senso comum" que se trata das minorias discriminadas. De fato, sem negar a existência de identity politics entre setores das minorias discriminadas, as identity politics hegemônicas – do discurso eurocêntrico – utilizam esse discurso identitário racista para descartar toda intervenção crítica proveniente de epistemologias "outras" (3). O mito que entretanto subjaz à academia é o discurso cientificista da "objetividade" e "neutralidade" que esconde o "locus de enuciação", ou seja, quem fala e a partir de qual corpo e espaço epistêmico nas relações de poder se fala (4) Sob o mito da "ego-política do conhecimento" (que na realidade sempre fala a partir de um corpo masculino branco e uma geopolítica do conhecimento eurocentrada) se desautorizam as vozes críticas provenientes dos pensadores de grupos subalternos inferiorizados pelo racismo epistêmico hegemônico. Se a epistemologia tem cor, como bem destaca o filósofo africano Emmanuel Chukwudi Eze (5),então a epistemologia eurocentrada dominante nas ciências sociais também tem. A construção desta última como superior e as do resto do mundo como inferiores forma parte inerente do racismo epistemológico imperante no sistema-mundo há mais de quinhentos anos.
O privilégio epistêmico dos brancos foi consagrado e normalizado com a colonização das Américas no final do século XV. Desde renomear o mundo com a cosmologia cristã (Europa, África, Ásia e, mais tarde, América), caracterizando todo conhecimento ou saber não-cristão como produto do demônio, até assumir, a partir de seu provincianismo europeu, que somente pela tradição greco-romana, passando pelo renascimento, o iluminismo e as ciências ocidentais, é que se pode atingir a "verdade" e "universalidade", inferiorizando todas as tradições "outras" (que no século XVI foram caracterizadas como "bárbaras", convertidas no século XIX em "primitivas", no século XX em "subdesenvolvidas" e no início do século XXI em "antidemocráticas"), o privilégio epistêmico das indentity politics brancas eurocentradas foi normalizado ao ponto invisibilizar-se como identity politics hegemônicas. Por isso os estudos étnicos, desde sua formação até fins dos anos sessenta nos Estados Unidos, foram sempre objeto de ataque por parte do racismo epistêmico das disciplinas das ciências humanas ocidentais (ciências sociais e humanidades), argumentando a inferioridade, parcialidade, e falta de objetividade de seus saberes e da produção de conhecimentos.
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252007000200015&script=sci_arttext

2 comentários:

Luiza Almeida disse...

Está lindo o seu blog, amando muito as tuas publicações. Quebrar o racismo epistêmico é lutar contra uma máfia muito poderosa, muito difícil.

Unknown disse...

Obrigada Luiza, "poderosa" não, mas que sabe muito bem manipular os campos de forças... O Segredo está em saber como interferir ou impedir estas manipulações... :)